Uma outra visão sobre Calendário

Anno Vii ⊙ in 11°  , ☾ in 22°
diēs ⊙ , tempus ♂.
Anno Ordinarium, 2017

15877939_10155000779674684_473410840_oEntramos pelo Calendário Ocidental ou Gregoriano no ano de 2017 a partir do dia 01 de Janeiro, de modo que várias comemorações em torno do Globo foram levadas a termo, algumas com incidentes, infelizmente.

No entanto, sob meu ponto de vista, remeto aqui, como apresentei na abertura desse artigo, um Calendário coeso e organizado sob uma perspectiva científica, uma vez que sua contagem é baseado em eventos Astronômicos & Astrológicos. É o mais correto e mais de acordo com o processo sazonal que a Terra atravessa nos seus 360 + 5 dias do ano Solar. Mas entenda, a datação acima apresenta um contexto Luni-Solar, porque denota elementos astronômicos em suas fases respectivas  no caso da Lua, e no Sol no que concerne aos Solstícios e Equinócios a partir do posicionamento da Terra em sua órbita frente ao mesmo.

Mas para uma melhor compreensão do que foi dito acima devo falar brevemente, de maneira mais simples possível, o que significam os Solstícios e Equinócios  no Calendário.

No caso dos Equinócios (Vernal/Primaveril ou Outonal/Outono) o Sol parece estar situado exatamente na intersecção do círculo do Equador Celeste com o círculo da Eclíptica, isso determina o instante em que o Sol no seu movimento anual aparente pela Eclíptica, corta o Equador Celeste, apresentando declinação de 0º. Esse período é quando o Sol, no seu movimento aparente, passa do hemisfério sul para o hemisfério norte & vice-versa, sendo assim, ambos hemisférios recebem a mesma intensidade de luz solar. Deve se ter em mente, que a palavra Equinócio deriva do latim (Æquinoctium), que significa “noite igual”, e refere-se ao momento do ano em que a duração do dia é igual à da noite sobre toda a Terra, a confirmar o que foi dito acima.

Quanto aos Solstícios (Veranil/Verão ou Invernal/Inverno) determinam a época do ano em o Sol, no seu movimento aparente na esfera celeste, atinge o máximo afastamento angular do Equador. Por exemplo, no Hemisfério Norte é Verão quando o Sol ingressa a 0º no Signo de Câncer (ou Caranguejo). Neste período o Sol alcança sua máxima declinação em direção ao Norte, 23º27″. Neste momento, o Sol estanca lentamente seu  movimento gradual para o sentido sul e passa a dirigir-se dinamicamente na direção do pólo norte. O mesmo acontece quando é verão no Hemisfério Sul. Desta forma, a palavra Solstício, deriva do latim, sol + sistere (Solstitium), que significa parado, imobilizado e está associada à idéia de que o Sol estaria como que estacionário.

E assim a mecânica celeste se dá de forma harmônica e sistemática, combinando momentos transicionais entre as estações. Lembremos que nada ocorre de uma hora para outra, pelo contrário, há uma mescla entre suas influências até que a outra estação alcance o seu auge.

Retornando ao assunto Calendário, uma outra questão é que as formas de tempo eram contadas pelos antigos povos por Ciclos, e não apenas por anos, meses ou horas necessariamente… Ciclos envolve a ação em REVOLVER, em transformar o tempo em Movimento. Por isso o ATU da Fortuna (ou Roda da Fortuna) no Tarô Crowley & Harris (TCH) implica em Movimento que leva a Transformação e consequentemente, a Estabilidade. Mas por que estou a colocar uma célula de O Tarô de Thoth em meio a esse movimento? Porque o magista Inglês, Aleister Crowley (1875-1947) percebeu a finalidade, pelo menos em parte, desses aspectos Cíclicos quando lançou junto ao modelo astronômico & astrológico (graus, influências planetárias, sol e lua…) uma correspondência estrutural e profunda dos 22 ATUs de O Livro de Thoth. Sabe-se pelo estudo da astrofísica, da cosmologia que tudo é cíclico, contudo, na Tradição Hermética, principalmente após o Equinócio dos Deuses¹ que se manifestou em 1904 em nosso planeta, a variação dada na nova formatação tarótica, é que todos nós vivenciamos exteriormente & interiormente as influências das 22 células deste tarô, (TCH), que está AJUSTADO, JUSTIFICADO e COMPLETO pelos próximos 2.000 anos em sua simbólica.

Lembrete:  Você não pode mensurar o Tarô Crowley & Harris com os outros tarôs, tecnicamente mais tradicionais, ou seja, que não desafiaram as correntes de uma compreensão pessoal feita pelo criador das células vigentes.

Através de meus estudos nesses 30 anos, criei uma espécie de timeline dos diversos baralhos criados entre os séculos XIV e XX. A partir desse estudo que está em andamento, por metodologia científica das escalas, determinei como Escala da Linha do Tempo Tarótica.

Os Paleo-tarôs² foram orientados volta e meia para um determinado vetor, seja este um conceito social ou educacional como é demonstrado em alguns exemplares dos séculos XIV ao XVI.

Nem mesmo pode ser mensurado com os Meso-tarôs³ ou células que foram elaboradas no Iluminismo. Os exemplares desse período foram retratados com a descoberta de possíveis conexões entre os símbolos e suas medidas áureas e posteriormente com origens quase míticas a ser introduzidas nos séculos XVII ao XVIII.

Apesar de haver certas correlações simbólicas no TCH com os exemplares do período Romântico com seu viés intelectual & artístico, há diferenças profundas entre eles. Nos exemplares daquele período, se dá início uma criação mais personalizada, elaborando princípios estéticos com sentimento sobre a razão, a imaginação sobre o espírito crítico iluminista. Isso se reflete nos baralhos daquela época e que foram publicados amplamente no século XIX. O glamour se tornou quase o imponderável, e assim foram criados os baralhos parisienses como o da Srª Lenormand, o tarô dos Boêmios de Papus entre outros. Houve outra enorme influência, as diversas escolas de pensamento daquela época, que eram dirigidas por Adeptos que se atinham apenas em determinados contextos de simbologia e qabalah, segundo seus próprios entendimentos.

Já no século XX, os Neo-tarôs4 foram direcionados mais individualmente no que tange a compreensão e percepção do seu criador, segundo suas pesquisas, inclinação filosófica ou oculta, artística e mesmo sob algum parâmetro dado por outro estudioso do tema.

O TCH foi muito além de qualquer Escala da Linha do Tempo Tarótica, não falo aqui de Crowley ou Harris, sob o contexto cronológico e por serem responsáveis pela manifestação destas células em nosso plano, falo aqui de todo um processo que se deu nos Planos Interiores para sua chegada. Isso se deu pelo momento especial que a civilização entrou, onde mudanças de paradigmas transformariam para sempre  a consciência do ser humano, ainda que a grande maioria não tenha percebido essa condição.

Apesar de Crowley & Harris serem tecnicamente os criadores das 78 células de MezLA, foram mais do que isso. Na verdade, se tornaram excelentes canais para tal manifestação. Eles estavam aptos para a chegada do TCH, uma vez que foram devidamente filtrados e preparados para recepção das mesmas. Mas isso é papo para outro artigo.

Mas onde então, neste contexto, estão as Cartas Reais (mais do que apenas Corte), e os Arcanos Menores? Não me estenderei aqui sobre tal tema, mas as 16 cartas Reais + 40 AM¯ são vivenciados intensamente todos os dias pelo ser humano, mesmo que ele não tenha consciência desse processo que é feito um caleidoscópio de experimentações e vivências no decorrer dos 360 + 5 dias do ano Solar. A diferença entre um grupo e outro se dá no tipo de operação e personificação.

(fim da primeira parte).

©Cláudio di Thoth

Nota do autor:

¹ Em particular, refere-se à mudança gradual na orientação do eixo de rotação da Terra, que, como um topo ondulado, traça um par de cones unidos em seus ápices em um ciclo de aproximadamente 26.000 anos (chamado de O Grande Ano ou Platônico na astrologia). O termo “precessão” normalmente se refere apenas a este maior movimento secular. Outras mudanças no alinhamento do eixo da Terra – nutação e movimento polar – são muito menores em magnitude.

² Paleo tem sua origem etimológica da palavra grega Παλαιός – palaiós que significa velho ou antigo. Paleo-tarôs, são aqueles exemplares belíssimos, ricas iluminuras & verdadeiras obras de arte  que foram criados entre os séculos XIV e XVI.

³ Meso tem sua origem etimológica da palavra grega μέσο – mésos que significa médio ou colocado no meio. São os baralhos que permeiam a linha de influência do pensamento Iluminista e que alguns deles possuem a influência artística do mundo Barroco.

4  Neo tem sua origem etimológica da palavra grega νέο – néo que significa novo. São os baralhos que seguem mais um propósito pessoal, segundo a linha de pensamento do seu criador.

 

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